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Descobri-o este ano, em fevereiro, quando comprei o seu livro COMO SE DESENHA UMA CASA (tenho o costume de escrever, a lápis, a data da compra nos livros).
Depois, em julho, na feira do livro de Viana do Castelo, comprei TODAS AS PALAVRAS. E interessei-me por este homem, que só conhecia das crónicas do JN. E como não gosto nada de política nem de economia e sendo esses os assuntos dominantes das suas crónicas, tinha uma ideia (mal)formada dele. Mas gostava da sua escrita e por isso as lia, sempre.
Foi uma surpresa saber que ele era poeta. Mais, foi mesmo uma enorme surpresa saber que ele escrevia livros infantis!
Fiquei ainda mais interessada em saber tudo sobre ele... e lia com outro interesse as suas crónicas, tentando ver o escritor e não o crítico. Lembro-me bem da última, em que fugiu ao tema e escreveu sobre os seus gatos.
Então eu pensei: este homem está deprimido.
Nos dias seguintes não se publicaram as suas crónicas, nas semanas seguintes também não. O JN, depois de em todos os dias publicar uma nota explicando que por razões alheias não se publicava a crónica de M.A.P. publicou uma em que dizia que quando fosse possível voltariam a ser publicadas. Fiquei então preocupada.
Pesquisei na net o nome dele, a ver se descobria alguma coisa, mas nada consegui.
Até ontem, no noticiário das 19 horas da RR. Não percebi logo o que foi, só ouvi prémio Camões... mandei que se calassem os que estavam comigo, que queria ouvir a quem tinha sido atribuído (nem me lembrei que já tinha sido...) mas então já o locutor prosseguia e falava no valor do escritor que falecera... soube logo quem era, fiquei em choque!
Tristeza, saudade, vazio, nem sei o que senti... vinham-me à ideia as palavras de santo Agostinho: "Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim. Como um animal buscava as coisas belas que tu criaste. Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo."
Não sei as palavras de cor, só sei a primeira frase, pesquisei o resto no Google, mas senti-as verdadeiramente ontem à noite. E senti-me muito só, pois às pessoas a quem dizia que Manuel António Pina morrera isso não dizia nada, nunca tinham ouvido falar dele, era como se eu chorasse a morte de um desenho animado...
Enfim, a vida continua, não é verdade? Cuidemos dos vivos, que os mortos já estão bem aconchegados nos nossos corações.
Felipa Monteverde