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Se importava ou não, ela saberia responder. Na vida nada lhe tinha sido fácil, desde pequenina. Uma meningite que quase a levava, a orfandade que a acompanhava desde bebé, a aprendizagem difícil na escola, as amizades que não conseguia arranjar, os namoros que nunca teve.
Por isso sabia bem, se as coisas importavam ou não, não lhe viessem agora com conversas ocas e conselhos inúteis. Gostava dele, pronto. Não lhe importava se ele correspondia, se ele se importava com ela, se era certo ou não esse romance. Só queria estar com ele, sem pensar em nada.
Nas noites agitadas em que sonhava com o final, com o dia em que ele deixaria de aparecer, percebia que nada na sua vida valeria a pena, que tudo se desmoronaria como um castelo de cartas mal construído, como um castelo de sonhos em que ela jamais viveria.
Por isso a deixassem em paz, vivendo a sua vida, contemplando esse amor como se fora a relíquia que a tornaria sagrada, que a tornaria mulher. Que fazia com que valessem a pena todos esses anos de poupança, de solidão, de isolamento. Agora estava bem financeiramente, podia perder tempo, tirar fins-de-semana, férias, para estar com ele. Para viver com ele as horas em que a paixão tomava conta dos dois e o tempo parava.
O amor que lhe inundava o coração tomava conta do seu corpo. Vagas intensas de paixão em sonhos que se tornavam realidade, a lascívia que tomava conta das noites em que ele ficava até de manhã. Tudo isso fazia com que valesse a pena.
O resto não importava, não queria saber. Queria apenas que ele a amasse, que apagasse aquele fogo que tomava conta do seu corpo, sempre mais e mais, cada vez mais ansiando que chegasse a noite e ele abrisse a porta do seu quarto, sorrindo.
Se era feliz? Era imensamente feliz. O resto não importava nada.
Felipa Monteverde